"-Alguém me dê alguma coisinha. Por favor"
Estou sentada, sozinha e ninguém me conhece ou reconhece. Neste mundo de grandes estranhos que me parece rodear, grito, choro e nada! Ninguém se irá aproximar?? Poderiam simplesmente me calcar, tropeçar num dos meus pés, darem-me um simples empurrão, para saber se eu estou cá. Que ainda estou acordada numa linha que não seria minha. Se me ignoram não recebo nem dou nada. apontem-me o dedo, ao menos que seja. Olhem-me com um olhar superior, é para isso que também aqui estou (que pensamento mais irónico), mas não, nem mal (directo), nem bem me fazem. Isolam-me de tudo, não tenho mérito, nem pulsação alguma. Não vivo num mundo à parte, eu é que acabei por me pôr de parte. Ser inconsciente? Ser diferente? Finalmente alguém me reanima, suspiro prolongado e volto a respirar. Alguém partilha comigo e sorri. Ainda pertenço aqui? Sim, eu também ainda sei sorrir. Há sempre algo em comum. Pego numa flor e começo a tirar as pétalas uma por uma, e nada melhor do que pensar que há sempre um bem-me-quer e um mal-me-quer.
* Observando um pedinte sentado na rua, em que provavelmente não seria eu a única a vê-lo, mas talvez terei sido a única a tentar pensar como ele, sendo esta ou não a sua realidade *
Catarina V.
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